quinta-feira, 21 de outubro de 2010



Ela ouviu da janela do terceiro andar, o badalar do sino da igreja. Enquanto ele assobiava uma canção dos Rolling Stones e fazia a barba, nesse ínterim, ela trocava sua meia de seda que rasgara, por outra nova.
Desceram as escadarias meio juntos, meio separados, contando sonhos pelos degraus.
Sentados frente a frente, a mente dele reluzia contando sobre suas conquistas, e vez ou outra a acariciava pelo ombro, projetando um pouco seu belo corpo pra frente, ela vez ou outra, roçava os pés pelo tornozelo dele, fazendo seus olhos dançarem num frenesi calmo e transparente.
Ele não a quis, julgou deixá-la num pedestal, ela se viu bem puta, com tapa-sexo, e nos ombros nus, a pistola calibre 28.
Ela não teve coragem de se matar, mas o matou, não com a pistola, mas o manto da invisibilidade


TEXTO: SOLANGE MAZZETO
deconheço a autoria da imagem

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