terça-feira, 28 de dezembro de 2010
O marido da vizinha
da janela de minha alma avizinho o finado defunto
o marido da vizinha
ele se vinha já de um tanto acabado
pelas mentiras da vida
acamado ficara por três dias
e morrera no dia de ontem a tardezinha
ela de um tanto acabrunhada
rezava as tantas Aves- Maria
era reza de soluço
debruçada encolhidinha
na cerca ao lado o galo cantava
um canto entristecido, melancólico
enquanto isso, triste suspiro eu tirava
de minha sina
e pensava já na morte
essa morte visitante
que não escolhe se é de dia
se é de noite
se é de dinheiro
ou se é sem tostão
essa morte ladina
que vem roubar de sonho de padaria
até sonho perfumado do lírio da manhã
e ali me vou com meu pensar
arrebatado de pujança
inaugurar o vestido preto
pra mor de ir dizer adeus
ao já enterrado
finado...defunto...
marido da vizinha
TEXTO: Solange Mazzeto
DECONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Metade direita do verso
Memória de meu corpo
domingo, 19 de dezembro de 2010
Já não sei que horas são... [Alzheimer]
já não sei que horas são
o tempo parou dentro de mim
a dor afugentou o sonho
o controle... parei de sentir
franzina estou na cama
pequenina, quase igual criança
quero o ventre de mamãe
cadê mamãe?
não a enxergo
não a vejo
mas a quero...
meu coração bate descompassado
sinto algo parecido com sede
não sei se sinto mais fome
mas, sei que algo vem e mastigo
hoje eu lembrei do paraíso
que tanto queria fazer
lembrei do ninho do passarinho
e não pude resistir
e falei
mas, a voz que saia de minha boca era estranha
resolvi calar-me
que agonia insana
texto by Solange Mazzeto
imagem: AP Photo
Pálpebras
hoje estou triste
pesarosa
estou num momento entre o limbo e a cruz
onde todos os pensamentos que pensei
se exibem majestosos
onde todos erros que não quis na vida
me agarram e me torcem
hoje estou enferma
na emoção e nos 'meios'
nas escovas e nos pincéis
e me agarro no fio comprido da vida
que sinto esganiçar
hoje estou cansada
de fingir ter forças
de chorar até secar o sal
cansada de me consumir por bobagem
e de ser quem sou
hoje estou de pé
porque tenho que ficar de pé
mas eu queria deitar
cerrar as pálpebras e dormir
sem mais acordar...
... aqui...
texto by Solange Mazzeto
desconheço a autoria da imagem
Amar hoje por Fabro Carpinejar
Amar é uma vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia, e de pés juntos durante a noite. E contar o seu dia, e perceber que só teve realmente um dia quando tu contou ao outro o teu dia, isso é amar! Carpinejar
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
Relíquia
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Um anjo me disse
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