quinta-feira, 10 de março de 2011

Teve rima, teve roda




suavemente
encostei sua voz
na beirada de minha ilusão

colhi frutos doces e aveludadas rosas

foi macio o passeio
teve rima, teve roda

mas o fio de esperança
cruzou com o fio da desconfiança

surgiu fiapo pra todo lado
surgiu vigas grossas
e lágrimas queixosas

subi a ladeira de vidro
escorregava, eu caía
muitas vezes, machuquei o joelho
e não conseguia rezar

hoje acordei na descida do boi
rezei uma ave-maria
acendi uma vela cor da vida

olhei de cima, vi abaixo do túmulo
resfriei a cabeça
tentei fechar o coração
mas a chave de ouro
tava na minha mão

relanceei um olhar enviesado
vi a realidade estampada em cores cítricas
visitei minha arte
rumei pra luminosidade

escrevi esses versos
e me acalmei
abraçando a doce sina
a sina de não morrer
...


TEXTO: Solange Mazzeto
IMAGEM: ADAGP

2 comentários:

  1. Poema tão afirmativo
    como um beija-flor e a eternidade
    tão cheio de vida
    que atormentou meu suicida
    tão cheio de si
    que a vida se impõe a morte
    como uma verdade absoluta
    num poema ortodoxo positivo
    valeu parece uma oração
    para um coração sem ceus.

    Luiz Alfredo - poeta

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