terça-feira, 12 de julho de 2011

Táxi

E lá vou eu, ia pegar um ônibus, trânsito de sexta-feira fervendo, atrasada, catei um táxi mesmo, não era ainda hora da bandeirada dois e o sujeito colocou bandeira dois, depois de um tempo, passou para bandeirada um e falou com aquele sorrisinho cínico: ---- Depois desconto $ 0,40 cents.

Eu nem respondi, só revirei os olhos.

O taxímetro tava rodando mais que peão de rodeio, eu ali com as mãos crispadas e com a bendita frase: ‘Sampa para um dia’...

Já tava caro demais, caso continuasse no táxi acho que iria pagar uns 100 mangos brincando, tava na favela da Espraiada, e o taxista: ---- Nossa, tenho que voltar pro Ponto as 21:00, não vai dar tempo, eu vou deixar a senhora ali em cima e depois vou ter que... [enfim ele ficou falando o que iria fazer porque ele tava nervoso de não poder voltar ao Ponto no horário que ele já tinha marcado, eu não tava a fim de ouvir o cara desfilar suas sensações e ‘penalidades’]. Então decidi: ---- Moço! pare aqui:
--- Mas, moça a senhora tá na favela, sabe disso?
--- Sim eu sei, mas nada de ruim irá me acontecer. E depois também tem seu lado aí, de ter que voltar e tal
---Não quanto a isso a senhora não se preocupe.
--- Moço, para o táxi e fim.
Ele parou, eu paguei, quando ia saindo ele disse:
--- Tem guardas na favela viu dona?
Sorri gentilmente, atravessei um pedaço da favela, enfrentei o trânsito a pé, subi uma subidona e parei no ponto de ônibus mais perto que tinha, não deu nem dois minutos, chegou o buzão que eu queria, subi feliz naquele coletivo [eu disse mesmo isso? de subir feliz num buzão? é eu disse...] e finalmente relaxei.

Ah! Um detalhe, o taxista não descontou a bandeirada dois, perdi meus 0,40 centavos.


texto by Solange Mazzeto
[verídico 'antes não fosse']

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