sábado, 25 de junho de 2011

Fumaça de cigarro



o rosto destoava
ou eram os olhos

ela ali fixada
ensandecida

ele chegou mais perto
ela já embriagada [por ele]

a voz veio no ouvido
incandescente

ela balbuciou alguma coisa
ele sorriu

a paixão tomou conta
tudo em volta
coloriu



TEXTO e IMAGEM: Solange Mazzeto

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Macho

ah! o macho
acirrado
provocador

que te coloca
de lado
de baixo do aspirador

ah! o macho
dodói
gemendo na cama

com febrinha
de 37 graus , vírgula 2
ah! o macho
que te arrepia
sem mesmo
você o ver...

macho!
os de essência
são muito bons
...



TEXTO: Solange Mazzeto

terça-feira, 21 de junho de 2011

Teu tudo

guardo teu cheiro
na taça do segredo
na mesa virada

guardo teu jeito
na pele
na íris

guardo teu tudo
na garganta
e bem
dentro de mim


TEXTO: Solange Mazzeto

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Meu homem

meu homem tem o perfume da terra
as mãos calejadas
a boca desejada

meu homem tem a delicadeza da rocha
a percepção do artista
a palavra de mestre

meu homem tem a presteza do caçador
a alegria de menino
e que mais tem o meu homem?

o encanto da ternura que me faz úmida
antes mesmo de me... tocar.


TEXTO: Solange Mazzeto

Outonal




Outonal



Caem as folhas mortas sobre o lago;

Na penumbra outonal, não sei quem tece

As rendas do silêncio… Olha, anoitece!

- Brumas longínquas do País do Vago…



Veludos a ondear… Mistério mago…

Encantamento… A hora que não esquece,

A luz que a pouco e pouco desfalece,

Que lança em mim a bênção dum afago…



Outono dos crepúsculos doirados,

De púrpuras, damascos e brocados!

- Vestes a terra inteira de esplendor!



Outono das tardinhas silenciosas,

Das magníficas noites voluptuosas

Em que eu soluço a delirar de amor…




POEMA: Florbela Espanca



IMAGENS: Solange Mazzeto

sábado, 4 de junho de 2011

Ele vem

é trapaça
o sono é vento
a tempestade é granito

em gole ele vem
na temperatura ideal
marcar
território

estampando na cara
o gosto maldito
do amanhã


TEXTO: Solange Mazzeto

Horas batem, sinos rompem

no retrato a mancha
de suor escorre

lento exagero

flor perpétua
solamente

roxa


TEXTO: Solange Mazzeto