segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Acordei com vontade



Hoje acordei com vontade de dar beijo, sabe daqueles beijos de cinema antigo? Tipo do filme “E o Vento Levou”
E por falar em vento, o vento anda levando tanta coisa ruim embora, que tem hora que me sinto desequilibrada, mas estou firme e flexível nas mudanças e ventanias existênciais.
Mas voltando a vontade de beijar, queria uma boca boa, até tem uma que conheço, mas... acho que ainda não é o momento, aí, ai que tormento...
Quando eu cismo, eu quero, reconheço minha rabugice infantil, de “não quero esperar”!
Mas não posso colocar a carroça na frente dos bois.
Enfim, ce là vie, e que seja uma vida em rosas...

TEXTO: SOLANGE MAZZETO
FOTOGRAFIA: do filme E O VENTO LEVOU

quinta-feira, 21 de outubro de 2010



Ela ouviu da janela do terceiro andar, o badalar do sino da igreja. Enquanto ele assobiava uma canção dos Rolling Stones e fazia a barba, nesse ínterim, ela trocava sua meia de seda que rasgara, por outra nova.
Desceram as escadarias meio juntos, meio separados, contando sonhos pelos degraus.
Sentados frente a frente, a mente dele reluzia contando sobre suas conquistas, e vez ou outra a acariciava pelo ombro, projetando um pouco seu belo corpo pra frente, ela vez ou outra, roçava os pés pelo tornozelo dele, fazendo seus olhos dançarem num frenesi calmo e transparente.
Ele não a quis, julgou deixá-la num pedestal, ela se viu bem puta, com tapa-sexo, e nos ombros nus, a pistola calibre 28.
Ela não teve coragem de se matar, mas o matou, não com a pistola, mas o manto da invisibilidade


TEXTO: SOLANGE MAZZETO
deconheço a autoria da imagem

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Foi? Não foi? Foi...




um sonho sonhado a dois
ou um misto de absinto com maconha
mas foi...

foi romance de outra época
acocorado no jardim
foi algo inusitado

foi uma magia libertina
ansiosa
engolfada

a ‘fada-eu’ acreditou
em cada parte das palavras
em cada rito de amor

mas não foi amor? foi?


Texto by Solange Mazzeto
Imagem: desconheço a autoria

domingo, 17 de outubro de 2010

Se pudesse, seria




nove liras
na boca

movo o botão de areia
pálida de rubor

os olhos fecho ao prazer
abro ao “dever”

me aproximo de você
[en]canto


TEXTO: Solange Mazzeto
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM

Rubem Alves [o cara q me lê na alma e que eu queria ter conhecido ainda menina]

Não foi à toa que Adélia Prado disse que "erótica é a alma". Enganam-se aqueles que pensam que erótico é o corpo. O corpo só é erótico pelos mundos que andam nele. A erótica não caminha segundo as direções da carne. Ela vive nos interstícios das palavras. Não existe amor que resista a um corpo vazio de fantasias. Um corpo vazio de fantasias é um instrumento mudo, do qual não sai melodia alguma. Por isso, Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: "continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?"

Rubem Alves

Vale a pena ler...

http://pessoal.onda.com.br/charlesb/texto/razoamor.htm

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vestida de calor




um calor que povoava a ideia

e fervia o doce de leite

que jazia morto

no fundo da panela



doido, era doído

o sussurro do vento

alicerçando o sopro

que vinha do pensamento



sentia gula, ânsia

sentia o pó adentrar na pele



queria o vale dos teus dedos

entrelaçados nos meus dedos



era doido sentir tua petulância

era cruel

era dor insana



ver tua boca noutra boca

tua luz em outro olho



era doido

e eu

morri

.

.

.

texto e imagem by Solange Mazzeto
nessa foto estou de Cíntia, uma personagem que escrevi e ganhei premio de melhor atriz no concurso do Teatro Santo Agostinho.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Amantes








teu corpo

química segura
e
quente


texto: by Solange Mazzeto

ESCULTURA de Terribelli- Os últimos amantes -

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

É quem sabe




talvez não haja o que odiar
o que temer

quem sabe o campo de trigo
não me traga
abrigo

e a luz do luar
me cause náuseas

quem sabe um dia odiarei
pensar em
...
amar de novo
e tão terrivelmente
que me vendo só
me sinta [im]potente


TEXTO: Solange Mazzeto
DESCONHEÇO A AUTORIA DA IMAGEM